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LEVY ROCHA
(1916-2004)
Nasceu em São João do Muqui, no Espírito Santo, Brasil, a 14 de março de 1916.
Fez seus primeiros estudos em São Felipe, depois Marapé, atual sede do município de Atílio Vivácqua, então um distrito de Cachoeiro de Itapemirim. Cursou o ginásio também no Espírito Santo - no Colégio Pedro Palácios, em Cachoeiro de Itapemirim. Freqüentou depois, em Vitória, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, na época uma das poucas unidades de ensino superior do Estado.
Tem contos e crônicas publicados em jornais e revistas capixabas e carioca (“A Gazeta”, “Singra”, “Jornal do Comércio” e outros.)
Em 1960 publicou na revis I.H.G.B. o trabalho “Viagem de Pedro II ao Espírito Santo” (História).
Em Brasília publica um ensaio, "Os Vieira da Cunha e o Jornal O Martelo". Em 1977, edita outro livro, "De Vasco Coutinho aos Contemporâneos". Em seguida, antes de voltar para o Espírito Santo, publicou "Marapé".
Em sua terra natal, a partir de 1982, passa a pertencer ao quadro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES). Na Academia Espírito-santense de Letras foi o terceiro ocupante da cadeira número cinco.
Morreu em Vila Velha, em 16 de julho de 2004, deixando, inéditos, um livro de poesia e outro de contos. Seu amor pelo Espírito Santo está bem expresso nas inúmeras obras que escreveu. Foi justa a homenagem que recebeu por meio da lei 7.958, publicada em 2004, que deu seu nome à Biblioteca Pública Estadual.
OLIVEIRA, Joanyr de, org. Poetas de Brasília. Brasília: Editora Dom Bosco, 1962. 107 p 16 x 22cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
EMBEVECIMENTO
Deixe que os seus olhos fiquem
sobre os meus
e a sua mão,
assim...
sem segunda intenção.
INSTANTÂNEO
O Frade bocejou,
a Freira cobriu o rosto com as nuvens
e o Itabira embaçou o espelho
das águas onde costuma se mirar,
só porque o fotógrafo armou a máquina
e quis tirar
mais um cartão postal de Cachoeiro...
CANÍCULA
Fumaça das queimadas.
A vista não penetra a cortina
do céu pesado.
Melhor cismar um anil;
cirros boiando
como flocos de sabão numa bacia.
Os morros são dorsos de animais antediluvianos
em repouso.
Árvores nuas, contorcidas,
são modelos do sofrimento.
No encachoar das águas
pulsa, ainda, o coração do rio.
Casas pernaltas se debruçam,
buscando o refrigério.
Roupas coaram sobre a lage;
poças de sapinhos;
urubus em briga por uma tripa de galinha.
No remanso, um homem tira areia
e outro tarrafeia.
Pescadores de brisas e cumbacas.
Ilhas vestidas de capim viçoso,
árvores em gozo
e um sabiá anunciando a tarde,
enquanto o sol envermelhece em sangue.
*
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Página publicada em julho de 2021
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